Coisas insignificantes
Hoje acordei nostálgica. Com saudades de uma infinidade de coisas. Coisas bobas a que nunca dei especial significado mas que agora se me configuram como mel numa garganta irritada. Coisas simples e sem grande significado mas que agora me parecem as maiores façanhas do mundo.
Eu adoro viajar. Mas acho que mais do que isso, viajar e conhecer sítios, adoro andar de carro. Conduzida, bem entendido. Também gosto de conduzir mas o prazer de passear de carro, vendo as arvores e as casas a correrem como que a fugir de nós, só dá prazer no lugar à direita do condutor. Sim porque nem nos lugares traseiros eu gosto. Não se tem uma visão completa, perdem-se muitos pormenores. E eu sou uma pessoa de pormenores. Sou curiosa, quero ver tudo, sentir tudo, saborear tudo.
Tenho saudades de ser conduzida. De tirar prazer de um simples passeio de carro. De poder quase adormecer embalada com o movimento do carro, do calor do sol a bater-nos na cara e a aquecer-nos a alma, do torpor no corpo depois de umas horas sentada.
É estúpido, eu sei. Até porque não é um prazer nada especial, impossível de se concretizar, ou dispendioso (quer dizer, ao preço que a gasolina está, começa a ser um luxo na verdade!).
Mas hoje acordei assim, com uma daquelas vontades de ser conduzida, de passear de carro, como fiz tanta vez, por locais novos ou já conhecidos mas sempre com um enorme prazer. Prazer que só hoje descubro que tinha. Era tão normal fazê-lo que nem o sabia como prazer. Desfrutava-o. Muito. De todas as vezes. Mas não lhe reconhecia qualidades de verdadeiro prazer. Afinal era-o.
Depois isto fez-me pensar, de que mais tinha eu saudades? De que simples hábitos perdidos sentia eu a falta? Sorri ao mesmo tempo que as lágrimas me subiram aos olhos: tinha saudades também de cozinhar. Cozinhar. Qualquer coisa, um prato simples. Mas prepará-lo, com cuidado e sem pressas. Verificar os temperos, sentir o cheiro familiar dos meus cozinhados. Sentir crescer a água na boca, ansiosa por me poder sentar à mesa e deliciar-me com o “meu” cozinhado.
Sempre adorei cozinhar. Desde miúda. Lembro-me de como a minha mãe gostava especialmente desta minha paixão. Ao fim de semana lá me ia dizendo “este fim-de-semana não queres experimentar uma receita nova? Das tuas?” e sorria-me maliciosamente. Depois, talvez este prazer se tenha tornado em hábito, e de hábito em obrigação, e de obrigação em cansaço e daí em diante. Nunca cheguei a detestar cozinhar mas sei bem que das últimas vezes que o fiz não sentia “aquele” prazer.
Mas hoje, acordei assim. Nostálgica. E senti vontade de ser conduzida. E de fazer um cozinhado. E receber pessoas em casa. E do nada fazer um bom serão. E depois me enroscar na minha cama ou no meu sofá (lembrei-me agora que também tenho saudades de adormecer no sofá!). Sentir o calor invadir-me o corpo. E adormecer a sorrir. Cansada, com vontade, mas cheia de prazer.
De fazer alguém feliz e de me sentir também eu feliz.
(Obrigado ao Zé e à Calaia pelo passeio do fim de semana.)
Eu adoro viajar. Mas acho que mais do que isso, viajar e conhecer sítios, adoro andar de carro. Conduzida, bem entendido. Também gosto de conduzir mas o prazer de passear de carro, vendo as arvores e as casas a correrem como que a fugir de nós, só dá prazer no lugar à direita do condutor. Sim porque nem nos lugares traseiros eu gosto. Não se tem uma visão completa, perdem-se muitos pormenores. E eu sou uma pessoa de pormenores. Sou curiosa, quero ver tudo, sentir tudo, saborear tudo.
Tenho saudades de ser conduzida. De tirar prazer de um simples passeio de carro. De poder quase adormecer embalada com o movimento do carro, do calor do sol a bater-nos na cara e a aquecer-nos a alma, do torpor no corpo depois de umas horas sentada.
É estúpido, eu sei. Até porque não é um prazer nada especial, impossível de se concretizar, ou dispendioso (quer dizer, ao preço que a gasolina está, começa a ser um luxo na verdade!).
Mas hoje acordei assim, com uma daquelas vontades de ser conduzida, de passear de carro, como fiz tanta vez, por locais novos ou já conhecidos mas sempre com um enorme prazer. Prazer que só hoje descubro que tinha. Era tão normal fazê-lo que nem o sabia como prazer. Desfrutava-o. Muito. De todas as vezes. Mas não lhe reconhecia qualidades de verdadeiro prazer. Afinal era-o.
Depois isto fez-me pensar, de que mais tinha eu saudades? De que simples hábitos perdidos sentia eu a falta? Sorri ao mesmo tempo que as lágrimas me subiram aos olhos: tinha saudades também de cozinhar. Cozinhar. Qualquer coisa, um prato simples. Mas prepará-lo, com cuidado e sem pressas. Verificar os temperos, sentir o cheiro familiar dos meus cozinhados. Sentir crescer a água na boca, ansiosa por me poder sentar à mesa e deliciar-me com o “meu” cozinhado.
Sempre adorei cozinhar. Desde miúda. Lembro-me de como a minha mãe gostava especialmente desta minha paixão. Ao fim de semana lá me ia dizendo “este fim-de-semana não queres experimentar uma receita nova? Das tuas?” e sorria-me maliciosamente. Depois, talvez este prazer se tenha tornado em hábito, e de hábito em obrigação, e de obrigação em cansaço e daí em diante. Nunca cheguei a detestar cozinhar mas sei bem que das últimas vezes que o fiz não sentia “aquele” prazer.
Mas hoje, acordei assim. Nostálgica. E senti vontade de ser conduzida. E de fazer um cozinhado. E receber pessoas em casa. E do nada fazer um bom serão. E depois me enroscar na minha cama ou no meu sofá (lembrei-me agora que também tenho saudades de adormecer no sofá!). Sentir o calor invadir-me o corpo. E adormecer a sorrir. Cansada, com vontade, mas cheia de prazer.
De fazer alguém feliz e de me sentir também eu feliz.
(Obrigado ao Zé e à Calaia pelo passeio do fim de semana.)
22 Comments:
Bonitas nostalgias. A grandeza das coisas simples, a simplicidade das nossas saudades, tudo embrulhado em maturidade, que é isso que se lê também. Aqui.
Sofia com Sabedoria, e mesquita em Istambul. Tudo pela sabedoria.
E cuidado, há sempre quem nos conduza por maus caminhos, se adormecermos no "lugar do morto"
Lindo , lindo lindo.......
Quanto ao passeio..Se o meu carro pegar vamos passear.
Também gosto de ser conduzida, de carro e na dança! Muitas vezes vou ao lado do condutor e ele ou ela dizem "vais tão calada"! Aprecio a paisagem, a vida...
sabes... li o teu post e fiquei com aquele sorriso murcho... de quem pensou a mesma coisa...
beijo Sofia
bjinhos...
Também eu tenho saudades de muita coisa. Mas a vida é mesmo assim..passamos o tempo a lembrar algo com saudade...E são esses momentos que nos fazem lutar!
Tenho saudades...
Da chuva a cair
De mergulhar no mar
De me fartar de rir
Tenho saudades...
Do sofá antigo
Da chuva inverno
De um grande amigo
Tenho saudade
De tantas coisas belas
Brincar ao elástico
À macaca e ao guelas
Tenho saudade
De viver o que não vivi
De estar aonde não estou
De sentir o que nunca senti
Tenho saudade
Simplesmente...saudade
Não vou ter tempo para viver
Para matar tanta saudade.
hoje tocaste num dos meus hobbies favoritos: cozinhar
adoro e faço alguns bons petiscos
quando estiveres assim nostálgica, aparece lá em casa para jantar
na boa, é um prazer para mim
aceitas o convite?
beijinhos,
alice
Cozinhar detesto, mas adoro conduzir.
Uma mão lava a outra, boa?!
Que tal uns dias de sol com descanso absoluto?
Um livro light, um sumo de laranja natural naquela esplanada com vista para o mar.
Não é assim tão mau estarmos sós... acredita!
Talvez como o maior dos prazeres que se deixa para o fim, eu deixo muitas vezes o teu blog para o fim do dia. Da noite. Hoje não postei pq não. Até ando a pensar fechar aquilo... ainda não sei...
Enfim... o teu sentimento de saudades, nostalgia de fazer algo que se deixou de fazer. Como te entendo... até eu. A sensação de ir ao lado do "meu amor" com os pés fora da janela, em viagem, a cantar, a sorrir, a deixar o vento passar por entre os dedos... e cozinhar para alguém...
Muito bom Sofia... é bom saber que andam por aí pessoas como tu. Pessoas.
Beijos
Pims Pims...
Como SEI o que queres e o que queres dizer.
Há que dá valor ao belo prazer de não fazer nada de especial e ser exactamente isso que nos conforta. É o tal "sermos simples" de que há tempos falei e, que às vezes de tão complexos que somos, nos vemos e agimos, que faz com que isto desapareça...
Tou contigo!
As coisas simples da vida, são as que mais prazer nos dão. Não damos por tal, porque se mecanizam, porque se fazem por obrigação como escreves. Mas se durante um tempo se deixam de fazer, surge a nostalgia de.
Uma voltinha de carro este fim de semana que se aproxima e um cozinhado com a tua marca ao almoço de domingo. Vamos a isso! Que pena estar longe; na converseta e na almoçarada, fazia-te companhia.
beijos.
A nostalgia logo passa quando começares a experimentar novas vivências. As memórias ficam para sempre dentro de ti ;)
Pois, gostei da descrição sobre nostalgia, introspecção, balanços de vida, anamneses, etc, etc, etc.
Aliás esse movimento é em si, também uma fonte de nostalgia.
Cumprimentos mixed by Jameson 12 anos!!!
Um beijo Sofia. Espero que essa nostalgia esteja ultrapassada...
nada é insignificante...
gostei muito de aqui estar!
obrigada, sofia, por aceitares o convite
temos de combinar, então
tens mail?
bom fim de semana
um beijinho
alice
Então ainda andamos a passear de carro, eu tb gosto muito, nomeadamente à beira mar, de inverno de preferência...
Cumprimentos e aparece aqui ou na histeria...
Olá menina querida,
no silêncio da noite li e reli, tb eu tenho esses momentos, que de coisas tão simples, as pessoas possam ter momentos de felicidade.
Beijos muitos para ti doce menina
Isa
Desde que sorrias smp =P
Sorrisos e beijos
Um beijo e uma boa semana Sofia :)
querida sofia,
muito obrigada pelos teus comentários tão bonitos...
sinto-me sempre encorajada pelas tuas palavras animadoras
queres o meu mail? alicemoraaqui@hotmail.com
estou até sensibilizada com esse pedido...
fico a pensar no que terás para me dizer...
e desculpa a demora da resposta, mas tem sido impossível comentar
o servidor também se ressente do calor... lol
beijinhos
alice
Vim aqui pela primeira vez e adorei este texto!
Realmente as coisas simples são, muitas vezes, as que nos dão mais prazer.
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