quinta-feira, novembro 02, 2006

Ponto final

Coloco hoje um ponto final nesta grande aventura que foi “ter um blog”.

Quando decidi criá-lo, ou melhor, quando me convenceram a criá-lo, estava longe de imaginar o papel que ele teria na minha vida. De facto, quando em 27 de Janeiro criei o blog e timidamente publiquei o meu 1º post pensei “bem, vamos lá ver no que isto vai dar.” Nunca pensei em contar a alguém. Iria deixar que fosse apenas a blogoesfera a conhecer-me. Não queria, temia até, que alguém que eu conhecesse pessoalmente tivesse acesso aos textos que eu escrevia.

A verdade é que sempre gostei de escrever, inventar estórias, criar diálogos baseados em algumas situações verídicas ou não, sonhar. Timidamente ia mostrando algumas das coisas que escrevia e lembro-me de como sentia um formigueiro na barriga enquanto esperava por alguma reacção que, no meu entender, nunca surgiu. Por isso, se a quem eu tinha coragem de dar a ler não me dava a sua opinião porque não dar aos desconhecidos, aos entendidos, aos que, tal como eu, gostam de ler e de escrever? Foi esse, senão o principal, um dos objectivos da criação deste espaço. Saber o que pensavam daquilo que ia escrevendo por aí. Tentar aprender com todos vós. Crescer na minha escrita.

Nesse mesmo fim-de-semana (o blog foi criado a uma sexta-feira) a minha vida mudou. E de um segundo para o outro. Inesperadamente. Brutalmente. O blog passou a ser então o meu local de reflexão, o meu “psicólogo”, a minha “bóia de salvação”, a minha própria vida. Aprendi tanto, tanta coisa nova! Conheci gente tão linda, com corações tão grandes! Levei comigo tanta gente a esta loucura (é ver a quantidade de família nos meus links) que acho que finalmente o dever está cumprido.

Ao longo destes meses aprendi a dar um novo rumo à minha vida, sorri muitas vezes, chorei outras tantas. O blog era como um fiel amigo, que me ia acompanhado, apoiando, seguindo de perto. Na verdade, este blog humanizou-se, falava comigo, incitava-me a agir. Aquilo que eu queria que ele tivesse sido era TEU. Um local onde tu me poderias encontrar sempre que quisesses, onde me poderias invadir sem eu me dar conta disso. Uma tentativa de calar a tua timidez quando lias os meus textos e não sabias o que dizer. Dar-te do mais intimo de mim. Contar-te todos os meus segredos. Esperar que os entendesses. Talvez, quem sabe, até tu te pudesses finalmente abrir e através dele te pudesse eu própria te encontrar. Assim não o quiseste. Não te culpo, de nada. Pelo contrário. Não lamento nada do que acabei por aprender. Não lamento a minha nova vida. Lamento talvez o facto de nunca termos falado, nunca nos termos conhecido. Nunca termos tido essa oportunidade. Esse era de facto o principal objectivo do meu blog. Daí o seu nome. Era para ti. Sempre foi.

Mas isso, hoje isso também não é assim tão importante.

Agora que mais nada tenho para te dar, que sentido tem?
Agora que “deixei” finalmente o psicólogo, porquê continuar?
Agora que estou finalmente em paz, porquê continuar a perseguir-te?
Agora que já sei do que sou capaz, que já encontrei as “minhas almas gémeas”, não é melhor parar?

Sim. Vou parar. Não existe mais motivo para o manter. Outros voos me esperam. Outros locais, outras vidas. Quero-me concentrar neles como o fiz durante meses aqui.

Aos que me foram lendo, um grande abraço e um muito obrigado. Não deixarei nunca de vos visitar. Já fazem parte de mim.

Aos amigos que fiz, nomeadamente a Sílvia, o Rui e o Rafael, jamais vos esquecerei. E vamo-nos falando por aí, não é?

À família, primas e tias, que vos dizer? Que vos reencontrei a todas, uma por uma; e que me enchem o coração de alegria sempre que vos tenho; e que vos adoro acima de qualquer coisa neste mundo. E que, mesmo já o sabendo antes, cada vez mais reitero a ideia de que “a família é o bem mais precioso que o ser humano pode ter.” E eu, bom, eu tenho um verdadeiro tesouro. Um beijo a todas.

A todos os que discretamente me vão lendo e não comentam por escrito mas que me foram apoiando pessoalmente, um obrigado também. A partir daqui é só entre nós.

Um beijo e até sempre.

(ps. Só agora me apercebi que estive por aqui cerca de 9 meses. A natureza é mesmo incrivel não é? São mesmo precisos 9 meses para se criar uma vida nova!)