segunda-feira, abril 24, 2006

Jogo de futebol!

Data: Sábado, 15 de Abril, 06
Hora: 21.15
Acontecimento: Jogo Boavista-Benfica


Todos sabem da minha paixão pelo Boavista. E se não sabem ficam agora a saber. Eu costumo dizer que o meu coração é preto e branco, aos quadradinhos, como um jogo de xadrez. E tal como neste jogo, também no futebol comecei como um simples peão. Lembro-me de ser pequenina e ir ao Domingos aos jogos do Boavista com os meus pais e irmão. A maior parte das vezes eu e os meus primos ficávamos do lado de fora com as mães a brincar. Aquela coisa chamada futebol era muito enfadonha e preferíamos estar livres para correrias e loucuras. Mas sabíamos de quem éramos, e vibrávamos muito quando os nossos pais chegavam do estádio alegres e excitados por mais uma vitória.
Está bem, já sei que estão com um sorrisinho nos lábios a pensar ” vitorias???? São assim tantas???” Ok, eu sei que não. Somos um clube pequeno e até já tivemos mais sucesso, mas como costuma dizer o meu pai “O Boavista só me dá alegrias, nunca desgostos, pois já sei até onde ele pode ir. Se perde já estou à espera mas se ganha é uma alegria!!”
Há poucos anos entrei de sócia definitivamente. Se sou uma pantera tenho que o demonstrar e contribuir para o clube. Eu bem sei que se pensar nos ordenados astronómicos dos jogadores me arrependo, mas….. E de jogo em jogo tornei-me numa viciada. Agora já tenho cativo e não falho um jogo em casa. Sábado sim, sábado não, lá vou eu de cachecol ao peito, rumo ao estádio do Bessa.
No passado dia 15 Abril não foi diferente. Era jogo grande: Boavista-Benfica. Eu, a minha prima Sónia e o meu primo Hugo chegamos cedo ao estádio. Eram 19.30. Depois de estacionarmos na avenida, e de logo ali termos um problemazinho de trânsito (jogo de bola sem confusão não é JOGO, verdade?), fomos comer uma apetitosa francesinha (as famosas!) à Cufra. Ás 21 já estávamos dentro do estádio. Logo aí fiquei desanimada. Quem viu a final do ano passado no nosso estádio, neste mesmo duelo, ficava como eu, desanimado. Onde estava a onda vermelha??? O ano anterior depois de entrar no estádio do Bessa pensei literalmente que me tinha enganado e que estava em Lisboa na casa do Benfica. Tantos adeptos, tanta festa, tanto vermelho na bancada, que até eu me deixei contagiar com aquela alegria. Este ano, se estivessem 20% dos adeptos benfiquistas era muito. Que desilusão! Então as águias só apoiam o clube se este estiver na frente? É nisso que os adeptos no Boavista são diferentes. Vão sempre aos jogos, quer o clube esteja bem posicionado ou não. O que importa é aquela festa, aquela emoção nas bancadas. A verdade é que somos poucos, sim muito poucos até. Mas somos verdadeiros, e persistentes e não abandonamos o barco a meio.
Este ano o jogo não teve a emoção do ano passado, é certo, mas para mim é sempre uma grande festa. Ajuda-me a libertar o stress da semana. Fico outra, acreditem. E era ver-me, a mim e à prima (porque o primo era uma águia disfarçada!) a cantarolar as músicas fraquitas da nossa claque e a gritar pelo nosso BOAVIIIIIIIIIIISSSSSSSTAAAAA!
O jogo foi um osso duro de roer. Quer de um lado quer do outro havia falhas e também boas jogadas e eu já acreditava num empate, que até era uma coisa bonita de se ver. Mas havia muito nervoso fora e dentro do campo. A defesa do Benfica demonstrava uns pequenos deslizes e o nosso ataque (ai Fary!!) enfim! Até o meu João Pinto estava mal, escorregava, caía para o chão, estava sempre um bocadinho atrasado demais.
Nas bancadas…. Bom nas bancadas é onde se passa tudo! Pena que vocês em casa não possam participar no espectáculo das bancadas. As minhas vizinhas panteras são um must. Jogo de futebol sem elas, não é jogo. E nesse dia as panteras estavam assanhadas. Era vê-las viradas para as claques do Benfica a gritar “Coitadinhos, este ano não ganham nada!” Ou então, “Sois uns cavalos. Ide para a vossa terra!!!” No camarote mesmo atrás de nós estava o Ricardo Rocha, o ainda jogador do Benfica. Se há coisa que irrita os sócios do Boavista é ver os nossos camarotes cheios de adeptos da equipa adversária. E aquilo tinha que pegar fogo mesmo. Depois de uns dizeres mais ou menos puxados (que eu me recuso a partilhar com vocês), a Dª Cândida vira-se para o dito camarote e atira-lhes com esta: “Porque vocês em Lisboa só comem alface, coitadinhos. Nós não! Temos tripas, e rojões, e até cozido a portuguesa!” Que vos posso dizer senão que foi gargalhada geral e que por uns minutos todos nós nos esquecemos dos jogadores e da bola.
É disto que eu falo, que me faz bem. Desta espontaneidade e inocência desportiva. Ali, nas bancadas do Bessa, são as mulheres que alegram a noite. Quer corra bem ou mal. E eu consigo sair de lá sempre com um sorriso nos lábios.
Desta vez correu mal. Dois golos injustos. Uma arbitragem fraquinha. Três pontos perdidos. Uma desilusão.
Saiu o primo feliz. Que de tanto nervoso roeu as unhas quase todas. E que por estar entre panteras, não comemorou os golos como devia. Eu bem lhe puxava o braço mas ele politicamente correcto limitava-se a sorrir. E assim foi, cheque-mate, ganharam as águias. Mas as panteras não desistem e depois do jogo foram comemorar mais um jogo para a Ribeira. Porque o que interessa é o jogo. E aquela alegria. Aquela emoção. Aquele espectáculo. Aquela festa.

(Dedicado a minha Pims, e ao meu querido primo Hugo, que me desafiou a escrever este post!)

quarta-feira, abril 19, 2006

Sensibilidades

Por mais que me prepare e me mentalize para a tua insensibilidade, não consigo fazer com que ela não me magoe. Esforço-me por demais, sabias? Desvalorizar, fechar os olhos, respirar fundo, controlar-me. Mas a verdade é que ela me dói. Me magoa.
Como te posso dizer isso sem te perder? Não consigo, não quero, não posso. E no entanto…....
Sabes lá a minha dor. O que sinto. Como me sinto. Porque a desvalorizas? Porque te esqueces dela? Eu sei, dizes que é para me tornares forte, adulta, mais segura. Mas dói-me tanto, tanto! Não quero ser forte, não quero crescer e sei que vou ser sempre insegura. A vida me fez assim e agora é difícil mudar. Tu também o és. Inseguro. Não é verdade?
Só preciso de apoio, carinho, amizade. Nem que aches que estou a exagerar, que me queixo à toa, que exagero nos sentimentos. Só preciso de tempo, compreensão. Eu sei. É pedir muito. E nem tenho esse direito. Mas era disso que precisava. Tanto!

sexta-feira, abril 14, 2006

O Abraço

Leonor olhou para o relógio do monitor, eram 20:17. Suspirou e achou que já eram horas decentes de ir para casa. Desligou maquinalmente o computador, depois o monitor, o ups e finalmente a ficha tripla que por segurança cortava em definitivo a corrente dos computadores da empresa. Estava já a sair do escritório rumo ao descanso, quando tocou o telefone. Voltou atrás a correr:
- Estou sim?
A voz do outro lado perguntava-lhe acerca do Dr. Nogueira.
- Sim, é do consultório do Dr. Nogueira mas já estávamos a fechar. (……) Não o Sr. Dr. já saiu. (......) Vai ser impossível, o Sr. Dr. já só volta na segunda. (……) Sim, sim, com certeza, fica anotado. Obrigado e boa noite.
Correu para a porta desejando que o telefone não voltasse a tocar. Enfiou a chave na porta e aproveitou para chamar o elevador. Enquanto este subia accionou o alarme do escritório e fechou a porta à chave. Entrou à pressa no elevador e carregou no -3. Finalmente, estava fora do escritório. Será que ainda ia a tempo de apanhar algum sol do dia?
Na garagem, às escuras Leonor accionou a comando do seu carro para o abrir. O som estridente do alarme e as luzes amarelas a piscar mostraram-lhe a direcção a seguir. Correu para o carro. Sorriu ao pensar que hoje não precisava de ir buscar a Beatriz a casa da mãe. Hoje a sua pequena ia ficar a dormir em casa da avó.
De vez em quando a sua mãe dava-lhe assim como que um bombom. Dizia-lhe que era para ela se poder divertir, sair com os amigos, ir ao cinema mas Leonor acabava sempre por ficar a trabalhar demais. Nesses dias ficava sempre sem saber o que poderia fazer com a noite livre e muitas vezes acabava num shopping a comer comida de plástico e a entrar e sair de quase todas as casas de roupa e sapatarias que houvesse. Era louca por sapatos e tinha com certeza umas boas dezenas de exemplares no armário de casa. Era a sua única paixão e pela qual gastava rios de dinheiro. Tinha uns de cada cor e feitio: sapatos, sandálias, botas, botins, sapatilhas. Uma verdadeira colecção.
Leonor tinha 35 anos e uma vida no mínimo de 70. Uma filha de 5 anos. A sua Beatriz. Um divórcio de 2 anos. Uma sociedade numa empresa de advocacia. Um apartamento. Um carro. Para Leonor era como se já tivesse conquistado um mundo. Tinha já conseguido tanta coisa sozinha. A sua filha fazia-a acreditar no amanha e trabalhava essencialmente para o bem-estar das duas. Esforçava-se por lhe dar uma boa educação e tentava gastar todo os seu tempo disponível com ela, vendo-a crescer, ajudando-a a crescer. Viajavam muito, sempre juntas e sozinhas. Tinham uma forte e especial ligação. E Leonor considerava-se uma mulher quase feliz.
Quase! Porque ultimamente algo a incomodava.
Saiu do estacionamento do prédio onde trabalhava e decidiu ir ver o mar, tentar aproveitar os últimos raios de sol desse mês de Junho. Rolou lentamente pela A5 até Cascais. Estacionou perto do centro e caminhou a pé até à praia de St. Marta. Petiscou qualquer coisa no bar da praia, que a esta hora ainda se via salpicada de banhistas.
Desceu as escadas até ao areal, sentou-se no chão e descalçou as suas sandálias D&G pretas. Enterrou os pés na areia já morna, pronta a esfriar. E ficou a olhar o mar, sentindo a doce brisa que corria aquela hora. Esteve assim algum tempo pensando em tudo. Tentava descortinar o que lhe ensombrava recentemente os seus sonhos, a sua vida. “Afinal o que é que me falta?” interrogava-se Leonor. Sem saber como, começou a chorar, baixinho pois não queria incomodar os que insistiam em ficar por ali. Enfiou a cabeça por entre os joelhos e deixou sair aquele peso que há dias lhe enchia o coração. Uma mão no ombro direito sobressaltou-a. Rodou a cabeça na sua direcção parando as lágrimas que não sabia de onde tinham vindo. Um velho dos seus 60 anos, que trabalhava provavelmente ali na praia, sorriu-lhe. “A menina está bem? Sente-se bem, precisa de alguma coisa?”
Leonor levantou-se embaraçada desculpando-se à toa. Tentou sorrir e convencer o bom homem que estava bem. “Tem idade para ser minha filha. Eu tive um dia assim, uma filha como a menina. Bonita e tudo. Assim mesmo tal como a menina. Levou-ma o bom Deus há 2 anos. Foi a droga sabe, ela nunca foi muito forte a pequena!” Leonor ainda hesitou uns segundos mas não aguentou e lançou-se ao pescoço do velho num forte abraço. O velho anuiu e abraçou-a com vontade, enquanto lhe afagava os seus cabelos longos: “Chore menina, chore à vontade, vai ficar tudo bem. Vai ver que sim. Acredite aqui no velho Sebastião!”
De regresso a casa Leonor, já mais calma, sorriu ao pensar no velho. Era como se fosse um anjo, o seu anjo protector, que lhe tinha aparecido na altura certa. E lhe tinha demonstrado o porquê da sua recente apatia. E a tinha saciado.
Leonor já não se lembrava de um abraço daqueles. A falta que tinha sentido dele todo este tempo. O deixar-se ir pelo calor do corpo do outro, afundando ali todas as suas mágoas. Era como uma fonte de alento, uma força extra, um carregar de baterias. O milagre que um simples abraço nos pode trazer. Alegrou-se ao pensar de como existem gestos tão simples capazes de nos encher de alegria e paz.
Nunca Leonor pensara nisso antes. A falta de que sentia de um simples abraço. Um abraço de pai, de marido, de namorado, de um simples amigo. Mas um abraço. Forte e sentido, como aquele que o velho Sebastião a tinha brindado.
Resolveu ir directa para a casa da mãe. Hoje queria estar com a Beatriz e se possível dormir abraçada a ela. Para que nunca a sua pequena sentisse tanto a falta de um abraço.
Uns dias mais tarde voltou a praia com a sua filha. Ao longe, junto ao bar onde tinha jantado uns dias antes viu o seu Sebastião. Este sorriu-lhe e piscou-lhe o olho. Leonor sorriu-lhe de volta. Jamais esqueceria o seu anjo Sebastião.
(Dedicado à Calaia com um beijinho especial!)

quarta-feira, abril 05, 2006

Agradecimento!

À minha familia, à minha querida prima, às minhas amigas de coração, aos meus amigos de sempre, ao meus amigos blogistas, e a todos que sempre me apoiaram ao longo destes meses.

A todos quero expressar publicamente o meu sincero agradecimento. Tenho-vos a todos no coração, jamais esquecerei cada um de vocês e desejo que Deus vos dê em dobro todas as alegrias e momentos felizes que me proporcionaram. Sem vocês todos, acreditem, teria sido muito diferente. Tenho aprendido muito com vocês todos, TODOS sem excepção. Aprendi que todos os dias têm coisas boas, que não há como um dia atrás do outro, que podemos sentir esta coisa tão boa que é carinho e amizade mesmo por pessoas que apenas virtualmente as conhecemos. A vida é bela, é muito gratificante. Hoje, e ao contrário de ontem, sei disso. Quando nos parece que uma janela se fecha logo uma porta nos é aberta.

Acho que não consigo exprimir por palavras toda a minha amizade e carinho por todos vocês. Muito obrigado por existirem e por terem entrado pela minha "porta".

Ao RC uma mensagem muito especial: Hoje é um novo dia na tua vida. Que tenhas uma vida plena de felicidade. Que encontres um novo rumo, muitas portas abertas, muitas almas como eu encontrei. Faz como eu, abre-te para o mundo, abre o coração, nao tenhas medo de errar, de dar um passo em falso. Deus está sempre a proteger-nos. E acredita que no mundo existem muitas pessoas boas. Tantas! Tenho a certeza que se abrires o teu coração, vais encontrar muitas delas. Só precisas de acreditar.

Isto não é um Adeus, nem tão pouco um até breve. Foi mesmo um acto de agradecimento a todos os que estão comigo, perto ou longe. Prometo voltar em breve.

Sintam o meu beijo profundo e carinhoso em todos vocês.

Até já!

terça-feira, abril 04, 2006

Hoje estou assim..........

......assim, como que cinzenta. Não me consigo ouvir, nem ver o sol, nem perceber o mundo. Hoje estou assim...... amarga, arrasada, desesperada. Hoje estou mal, pior que ontem, melhor que amanha? Hoje nem devia existir! ai se eu pudesse arrancar o Hoje do calendário......