quarta-feira, junho 28, 2006

Futuro

Hoje dei-me conta de uma coisa. Já não penso em ti como pensava. A sério! Já não conto as horas, os dias e os meses sem ti. Perdi a conta, deixou de me fazer espécie, deixei simplesmente de me importar. É um sinal não? Ainda não sei se é bom, não sei se é mau. Sinto que perdi alguma coisa e não sei bem o quê? Sabes aquela sensação quando sais de casa e te falta alguma coisa mas não sabes o quê? É isso que sinto mais ou menos. Sinto que me falta alguma coisa. Mas não sei bem o quê.

Hoje dei-me conta de outra coisa. Que os sentimentos podem ser relativos. Que podemos passar de uns a outros desde que nos apeteça. Mudar, simplesmente. Esquecer. Reconhecer outros sentimentos. Faze-los imortais. Mas diferentes. Igualmente fortes mas redireccionados. Já não é amor, paixão, carinho, amizade. É talvez um misto de tudo, sem ser nada em concreto.

Hoje dei-me conta de que jamais amarei de novo. Não que jamais serei feliz. Apenas que jamais vou amar alguém. Descobri que nem sei bem o que isso é, isso do Amor . Não sei amar, se calhar nunca o soube verdadeiramente. E por isso também hoje sei que não o quero mais.

Hoje tenho a certeza que vou ser feliz. Não porque já o sinta. Não porque veja a “luz ao fundo do túnel”. Apenas porque descobri que só nós podemos dar o valor que queremos ás coisas. Creio que sempre valorizei demasiado tudo. Sempre exagerei nos sentimentos. Fossem eles o que fossem. Bons ou maus. Sempre fui exagerada. Não existem pessoas muito boas nem muito más. Apenas têm o valor que lhe queremos dar.

Hoje descobri que não amo ninguém (nenhum homem bem entendido, a família está de parte aqui!) e que também não odeio ninguém. Hoje cheguei ao meu ponto de equilíbrio. E sinto-me bem assim. Não sinto falta de nada mas também não desprezo o que me dão.

Hoje estou de bem comigo, estou em paz. Estou pronta para continuar. Já não tenho dúvidas, receios, amarguras, pedras no sapato. Sinto-me livre para voar. Sei que tudo o que me espera é bom e mau. Tudo tem o seu reverso. Por isso não há nada a temer, a evitar, a lamentar. Apenas dar o valor que quisermos dar.

Hoje não cheguei a lado nenhum, não estou a começar nada, limito-me a percorrer o caminho. Não descobri a pólvora, não inventei a roda, limitei-me a reencontrar o caminho. E o caminho é este, o que hoje percorro.

Hoje. Hoje e amanha serei sempre aquilo que agora sou. E o caminho é este. E é este que vou percorrer até ao fim.

segunda-feira, junho 26, 2006

...

"É pena só aprendermos as lições da vida quando já nao precisamos delas." Óscar Wilde

terça-feira, junho 20, 2006

Diga tRinta e tRês!!!!

Eu sei que tenho algumas "pancas". Os meus amigos diriam até muitas pancas. Mas a verdade é que hoje redescobri a minha aversão pela letra R. E não, não venham com essa do “ahh já sei porquê!” porque não é nada disso.
Eu não tenho complexos com a minha idade. Juro que não! Mas desde que entrei na casa dos trinta sempre disse a toda a gente que é horrível. E foi, e é! Uma das coisas que me soava e me soa mal é exactamente o som do malfadado R. Reparem bem, tRinta. Repitam baixinho e vejam lá se o som do R não é irritante. Vá eu espero…..
Tenho ou não razão? Pois é, a mim desgosta-me profundamente e é por isso, só por isso, que não gosto da idade dos trinta. Agora imaginem a minha infelicidade hoje. Já não me bastava um tRês, logo tinham que se juntar dois. Só pode ser para me irritar não acham?

terça-feira, junho 13, 2006

Lembrança!

Lembras-te de mim?
Lembras-te do meu sorriso, sincero e solto?
Das minhas reacções espontâneas que tanto te faziam rir?
Lembras-te da cor dos meus olhos? De como eles brilhavam quando embatiam nos teus?

Lembras-te de como era bonita? E jovem? E cheia de vida?
Lembras-te de mim? Do meu cheiro? Do meu beijo?
Lembras-te de como te amava?

Lembras-te de como parecia um passarinho feliz, saltitando de flor em flor?
De como “pegava” contigo só para te arrancar um sorriso?
Lembras-te de ficarmos horas na conversa?
De nos rirmos até nos faltar o fôlego?
De como éramos amigos?

Lembras-te da nossa cumplicidade?
Da nossa troca de olhares que dizia tudo? Que valia mais do que mil beijos ou carícias?
Lembras-te de mim, meu amor?

Se te lembras fecha os olhos, por favor. Foca-te nessa tua memória. Nessa imagem de mim. Fotografa o momento. Esse mesmo, sim. Agora põe-lo no papel, imprime-o. Regista-o.
Arranja a tua melhor moldura e coloca-me nela. Na tua sala. Na tua casa.
Aquilo que eu fui, já não sou mais. E a memória por vezes atraiçoa-nos.
Quero que te lembres de mim assim. Exactamente assim. Assim como eu era.

Lembras-te de mim? De verdade que te lembras?

quarta-feira, junho 07, 2006

Não fica bem!!!

Ao longo de toda a minha vida tenho ouvido a frase “Não fica bem!” Por tudo e por nada a minha mãe me dizia essa mesma frase “Não fica bem!” Lembro-me de como ficava revoltada com isso. A maldita dita “sociedade” impunha umas normas, uns costumes, que a mim me irritavam e me pareciam sempre injustos. Deixei de fazer muito coisa porque não “parecia bem”. Lembro-me também que aos 20 dei um pequenino grito de revolta e comecei a fazer algumas das coisas que não pareciam bem. A medo, sempre de coração nas mãos, mas perfeitamente convencida que não estava a cometer nenhum crime. E ainda hoje penso assim.
Ultimamente esta velha frase veio ao de cima de novo, “Não fica bem”. Nada fica bem, me parece a mim.
Quando era nova a minha mãe não gostava que assobiasse, porque a uma menina “não fica bem!
A minha mãe também me dizia que não devia jogar à bola ou correr na escola, porque a uma menina não ficava bem.
Não podia “andar” na brincadeira com os rapazes porque não ficava bem.
Mais tarde, não devia defender a minha opinião em relação a determinados assuntos com os mais velhos, porque não ficava bem.
Quando comecei a namorar, já depois da maioridade, não podia sair com o meu namorado de carro, porque a uma menina “não fica bem”.
Também não podia sair à noite até depois das 11h da noite (imaginem!) porque não parecia bem.
Quando me casei recebi um verdadeiro “manual” de coisas que não podia fazer ou não devia dizer porque não ficavam bem.
Desesperada pensava que nunca me iria livrar dessa frase. A coisa acalmou. Eu olhava para a situação e pensava “então isto é o que é ser adulta. Já não preciso de ouvir mais o que não me fica bem!” Andava satisfeita comigo mesmo. Orgulhosa do estatuto alcançado. Inchava quando até fazia alguma coisa “menos bem” e ninguém me condenava por isso. E eu que nem era a “menina modelo”, nem nunca o queria ter sido. Mas de facto, durante muito tempo até disso me convenci. Esforçava-me para parecer aquilo que era “bem” mesmo que isso me trouxesse alguma infelicidade.
Ultimamente esse sentimento de revolta contra tudo aquilo que “não fica bem” voltou. Voltaram à carga todas as teorias do que é ser uma “senhora”.
Reclamar sobre aquilo que achamos que temos direito, não fica bem. Sobre todas as coisas que nos fazem sofrer, não fica bem.
Dar um murro na mesa e fazer as coisas acontecerem, não fica bem.
Exigirmos respeito, que nos respeitem, até os nossos mais íntimos sentimentos, não fica bem.
Chorar em publico, mostrar o que somos, o que queremos, o que sentimos, não fica nada bem.
Tudo parece mal, meu deus! E tudo porque eu sou uma senhora ou uma menina (conforme os apetites) e tenho que estar sempre acima disso tudo.
É tão injusto! Eu não escolhi nada do que sou. De como sou. Do que a vida me trouxe. Me deu. Porque me tenho que diminuir e aceitar tudo. Por ser uma senhora? Uma senhora de bem? Eu agora até sou uma divorciada. E apesar de isso não ter nada de mal, porque é que a sociedade insiste em colocar nisso uma pitada de maldade. Porque é que as pessoas nos olham ou sorriem quando lhes respondemos sobre o nosso estado civil.
Se eu não fosse uma senhora.......!
E depois olho á minha volta. E os outros, e falo dos homens, podem fazer tudo o que querem. Não lhes fica bem, é um facto, certas atitudes que tomam. Mas eles não deixam de as fazer. Lutam por aquilo que querem. Fazem e desfazem nas suas vidas e na dos outros. E dizem e desdizem certas coisas, porque lhes apetece, conforme o que lhes convêm. E não lhes fica nada bem mas eles não querem saber. E eu olho-os. Sei que não lhes fica bem. Entristeço-me por eles e essencialmente por mim. Revolto-me. Juro que na próxima faço eu. Que isso jamais me irá fazer sentir infeliz ou menor.
Mas a verdade é que sei que o não vou fazer. Tudo porque a uma menina, a uma senhora simplesmente “não fica bem”!