Jogo de futebol!
Data: Sábado, 15 de Abril, 06
Hora: 21.15
Acontecimento: Jogo Boavista-Benfica
Todos sabem da minha paixão pelo Boavista. E se não sabem ficam agora a saber. Eu costumo dizer que o meu coração é preto e branco, aos quadradinhos, como um jogo de xadrez. E tal como neste jogo, também no futebol comecei como um simples peão. Lembro-me de ser pequenina e ir ao Domingos aos jogos do Boavista com os meus pais e irmão. A maior parte das vezes eu e os meus primos ficávamos do lado de fora com as mães a brincar. Aquela coisa chamada futebol era muito enfadonha e preferíamos estar livres para correrias e loucuras. Mas sabíamos de quem éramos, e vibrávamos muito quando os nossos pais chegavam do estádio alegres e excitados por mais uma vitória.
Está bem, já sei que estão com um sorrisinho nos lábios a pensar ” vitorias???? São assim tantas???” Ok, eu sei que não. Somos um clube pequeno e até já tivemos mais sucesso, mas como costuma dizer o meu pai “O Boavista só me dá alegrias, nunca desgostos, pois já sei até onde ele pode ir. Se perde já estou à espera mas se ganha é uma alegria!!”
Há poucos anos entrei de sócia definitivamente. Se sou uma pantera tenho que o demonstrar e contribuir para o clube. Eu bem sei que se pensar nos ordenados astronómicos dos jogadores me arrependo, mas….. E de jogo em jogo tornei-me numa viciada. Agora já tenho cativo e não falho um jogo em casa. Sábado sim, sábado não, lá vou eu de cachecol ao peito, rumo ao estádio do Bessa.
No passado dia 15 Abril não foi diferente. Era jogo grande: Boavista-Benfica. Eu, a minha prima Sónia e o meu primo Hugo chegamos cedo ao estádio. Eram 19.30. Depois de estacionarmos na avenida, e de logo ali termos um problemazinho de trânsito (jogo de bola sem confusão não é JOGO, verdade?), fomos comer uma apetitosa francesinha (as famosas!) à Cufra. Ás 21 já estávamos dentro do estádio. Logo aí fiquei desanimada. Quem viu a final do ano passado no nosso estádio, neste mesmo duelo, ficava como eu, desanimado. Onde estava a onda vermelha??? O ano anterior depois de entrar no estádio do Bessa pensei literalmente que me tinha enganado e que estava em Lisboa na casa do Benfica. Tantos adeptos, tanta festa, tanto vermelho na bancada, que até eu me deixei contagiar com aquela alegria. Este ano, se estivessem 20% dos adeptos benfiquistas era muito. Que desilusão! Então as águias só apoiam o clube se este estiver na frente? É nisso que os adeptos no Boavista são diferentes. Vão sempre aos jogos, quer o clube esteja bem posicionado ou não. O que importa é aquela festa, aquela emoção nas bancadas. A verdade é que somos poucos, sim muito poucos até. Mas somos verdadeiros, e persistentes e não abandonamos o barco a meio.
Este ano o jogo não teve a emoção do ano passado, é certo, mas para mim é sempre uma grande festa. Ajuda-me a libertar o stress da semana. Fico outra, acreditem. E era ver-me, a mim e à prima (porque o primo era uma águia disfarçada!) a cantarolar as músicas fraquitas da nossa claque e a gritar pelo nosso BOAVIIIIIIIIIIISSSSSSSTAAAAA!
O jogo foi um osso duro de roer. Quer de um lado quer do outro havia falhas e também boas jogadas e eu já acreditava num empate, que até era uma coisa bonita de se ver. Mas havia muito nervoso fora e dentro do campo. A defesa do Benfica demonstrava uns pequenos deslizes e o nosso ataque (ai Fary!!) enfim! Até o meu João Pinto estava mal, escorregava, caía para o chão, estava sempre um bocadinho atrasado demais.
Nas bancadas…. Bom nas bancadas é onde se passa tudo! Pena que vocês em casa não possam participar no espectáculo das bancadas. As minhas vizinhas panteras são um must. Jogo de futebol sem elas, não é jogo. E nesse dia as panteras estavam assanhadas. Era vê-las viradas para as claques do Benfica a gritar “Coitadinhos, este ano não ganham nada!” Ou então, “Sois uns cavalos. Ide para a vossa terra!!!” No camarote mesmo atrás de nós estava o Ricardo Rocha, o ainda jogador do Benfica. Se há coisa que irrita os sócios do Boavista é ver os nossos camarotes cheios de adeptos da equipa adversária. E aquilo tinha que pegar fogo mesmo. Depois de uns dizeres mais ou menos puxados (que eu me recuso a partilhar com vocês), a Dª Cândida vira-se para o dito camarote e atira-lhes com esta: “Porque vocês em Lisboa só comem alface, coitadinhos. Nós não! Temos tripas, e rojões, e até cozido a portuguesa!” Que vos posso dizer senão que foi gargalhada geral e que por uns minutos todos nós nos esquecemos dos jogadores e da bola.
É disto que eu falo, que me faz bem. Desta espontaneidade e inocência desportiva. Ali, nas bancadas do Bessa, são as mulheres que alegram a noite. Quer corra bem ou mal. E eu consigo sair de lá sempre com um sorriso nos lábios.
Desta vez correu mal. Dois golos injustos. Uma arbitragem fraquinha. Três pontos perdidos. Uma desilusão.
Saiu o primo feliz. Que de tanto nervoso roeu as unhas quase todas. E que por estar entre panteras, não comemorou os golos como devia. Eu bem lhe puxava o braço mas ele politicamente correcto limitava-se a sorrir. E assim foi, cheque-mate, ganharam as águias. Mas as panteras não desistem e depois do jogo foram comemorar mais um jogo para a Ribeira. Porque o que interessa é o jogo. E aquela alegria. Aquela emoção. Aquele espectáculo. Aquela festa.
(Dedicado a minha Pims, e ao meu querido primo Hugo, que me desafiou a escrever este post!)
Hora: 21.15
Acontecimento: Jogo Boavista-Benfica
Todos sabem da minha paixão pelo Boavista. E se não sabem ficam agora a saber. Eu costumo dizer que o meu coração é preto e branco, aos quadradinhos, como um jogo de xadrez. E tal como neste jogo, também no futebol comecei como um simples peão. Lembro-me de ser pequenina e ir ao Domingos aos jogos do Boavista com os meus pais e irmão. A maior parte das vezes eu e os meus primos ficávamos do lado de fora com as mães a brincar. Aquela coisa chamada futebol era muito enfadonha e preferíamos estar livres para correrias e loucuras. Mas sabíamos de quem éramos, e vibrávamos muito quando os nossos pais chegavam do estádio alegres e excitados por mais uma vitória.
Está bem, já sei que estão com um sorrisinho nos lábios a pensar ” vitorias???? São assim tantas???” Ok, eu sei que não. Somos um clube pequeno e até já tivemos mais sucesso, mas como costuma dizer o meu pai “O Boavista só me dá alegrias, nunca desgostos, pois já sei até onde ele pode ir. Se perde já estou à espera mas se ganha é uma alegria!!”
Há poucos anos entrei de sócia definitivamente. Se sou uma pantera tenho que o demonstrar e contribuir para o clube. Eu bem sei que se pensar nos ordenados astronómicos dos jogadores me arrependo, mas….. E de jogo em jogo tornei-me numa viciada. Agora já tenho cativo e não falho um jogo em casa. Sábado sim, sábado não, lá vou eu de cachecol ao peito, rumo ao estádio do Bessa.
No passado dia 15 Abril não foi diferente. Era jogo grande: Boavista-Benfica. Eu, a minha prima Sónia e o meu primo Hugo chegamos cedo ao estádio. Eram 19.30. Depois de estacionarmos na avenida, e de logo ali termos um problemazinho de trânsito (jogo de bola sem confusão não é JOGO, verdade?), fomos comer uma apetitosa francesinha (as famosas!) à Cufra. Ás 21 já estávamos dentro do estádio. Logo aí fiquei desanimada. Quem viu a final do ano passado no nosso estádio, neste mesmo duelo, ficava como eu, desanimado. Onde estava a onda vermelha??? O ano anterior depois de entrar no estádio do Bessa pensei literalmente que me tinha enganado e que estava em Lisboa na casa do Benfica. Tantos adeptos, tanta festa, tanto vermelho na bancada, que até eu me deixei contagiar com aquela alegria. Este ano, se estivessem 20% dos adeptos benfiquistas era muito. Que desilusão! Então as águias só apoiam o clube se este estiver na frente? É nisso que os adeptos no Boavista são diferentes. Vão sempre aos jogos, quer o clube esteja bem posicionado ou não. O que importa é aquela festa, aquela emoção nas bancadas. A verdade é que somos poucos, sim muito poucos até. Mas somos verdadeiros, e persistentes e não abandonamos o barco a meio.
Este ano o jogo não teve a emoção do ano passado, é certo, mas para mim é sempre uma grande festa. Ajuda-me a libertar o stress da semana. Fico outra, acreditem. E era ver-me, a mim e à prima (porque o primo era uma águia disfarçada!) a cantarolar as músicas fraquitas da nossa claque e a gritar pelo nosso BOAVIIIIIIIIIIISSSSSSSTAAAAA!
O jogo foi um osso duro de roer. Quer de um lado quer do outro havia falhas e também boas jogadas e eu já acreditava num empate, que até era uma coisa bonita de se ver. Mas havia muito nervoso fora e dentro do campo. A defesa do Benfica demonstrava uns pequenos deslizes e o nosso ataque (ai Fary!!) enfim! Até o meu João Pinto estava mal, escorregava, caía para o chão, estava sempre um bocadinho atrasado demais.
Nas bancadas…. Bom nas bancadas é onde se passa tudo! Pena que vocês em casa não possam participar no espectáculo das bancadas. As minhas vizinhas panteras são um must. Jogo de futebol sem elas, não é jogo. E nesse dia as panteras estavam assanhadas. Era vê-las viradas para as claques do Benfica a gritar “Coitadinhos, este ano não ganham nada!” Ou então, “Sois uns cavalos. Ide para a vossa terra!!!” No camarote mesmo atrás de nós estava o Ricardo Rocha, o ainda jogador do Benfica. Se há coisa que irrita os sócios do Boavista é ver os nossos camarotes cheios de adeptos da equipa adversária. E aquilo tinha que pegar fogo mesmo. Depois de uns dizeres mais ou menos puxados (que eu me recuso a partilhar com vocês), a Dª Cândida vira-se para o dito camarote e atira-lhes com esta: “Porque vocês em Lisboa só comem alface, coitadinhos. Nós não! Temos tripas, e rojões, e até cozido a portuguesa!” Que vos posso dizer senão que foi gargalhada geral e que por uns minutos todos nós nos esquecemos dos jogadores e da bola.
É disto que eu falo, que me faz bem. Desta espontaneidade e inocência desportiva. Ali, nas bancadas do Bessa, são as mulheres que alegram a noite. Quer corra bem ou mal. E eu consigo sair de lá sempre com um sorriso nos lábios.
Desta vez correu mal. Dois golos injustos. Uma arbitragem fraquinha. Três pontos perdidos. Uma desilusão.
Saiu o primo feliz. Que de tanto nervoso roeu as unhas quase todas. E que por estar entre panteras, não comemorou os golos como devia. Eu bem lhe puxava o braço mas ele politicamente correcto limitava-se a sorrir. E assim foi, cheque-mate, ganharam as águias. Mas as panteras não desistem e depois do jogo foram comemorar mais um jogo para a Ribeira. Porque o que interessa é o jogo. E aquela alegria. Aquela emoção. Aquele espectáculo. Aquela festa.
(Dedicado a minha Pims, e ao meu querido primo Hugo, que me desafiou a escrever este post!)